O Vingador do Futuro

Eu provavelmente assisti a O Vingador do Futuro com Schwarzenegger lá na década de 1990. Mas, honestamente, não me recordo de muita coisa, provavelmente por causa de minha pouca idade na época. Por esse motivo minha sessão da versão atual do longa não sofre de um mal que tem atingido vários expectadores: o saudosismo.

Apenas duas regiões do mundo são habitáveis, a Federação Britânica que corresponde a parte da Europa, e a Colônia atualmente a Austrália. A primeira rica e desenvolvida vive do trabalho da segunda pobre suja e favelizada. Douglas Quaid (Colin Farrell) mora na colônia e constrói robôs na capital, é casado com a bela Lori (Kate Beckinsale), mas sente que existe algo de errado com seu cotidiano. Quando ele resolve "tirar umas férias" implantando memórias que gostaria de ter vivido em seu cérebro acaba esbarrando em lembranças que não tinha.

A história tenta manter certo mistério e ambiguidade em torno da personalidade de seu protagonista, bem como daqueles que o cercam. Eu disse tenta, pois mesmo para quem não assistiu ao original, a dúvida nunca é grande o suficiente para gerar intriga. No máximo passa uma idéia pela cabeça do expectador: "não seria legal se...".

Logo as "reviravoltas" podem ser previstas. E não demora muito para decidirmos para quais personagens torcer. E apesar de sabermos que deveríamos torcer por quem aparentemente ajuda o protagonista, escolhemos facilmente nos divertir com a personagem de Beckinsale em detrimento à Melina (Jessica Biel). Apesar de humana Lori, parece um exterminador (olha a referência acidental a Schwarzenegger), indestrutível e determinada ao ponto de fazer tudo de salto alto e com cabelo no rosto. Surreal, exagerada e muito divertida.

Ponto forte do filme é o visual. Altamente tecnológica, suja e realista a colônia alia modernidade com baixa qualidade de vida, embora apocalíptico um futuro bastante verossímil para quem vive em 2012. Em contra partida, a Federação é limpa, brilhante e organizada. Interessante é observar o uso dos sets, como na perseguição aos saltos sobre os barracos flutuantes da colônia, ou na fuga pelos elevadores da Federação.

Também chama atenção a primeira cena de ação do protagonista, na qual a câmera anda pela sala enquanto Quaid abate vários oponentes simultaneamente. Resta saber se chama atenção pelo resultado incomum, que lembra um video-game. Ou pelo fato de o estilo ser abandonado logo em seguida, fazendo com que a cena parece deslocada do resto do longa.

Deixando a comparação com o filme original de lado, e mesmo a fidelidade ao conto de Philip K. Dick no qual se baseou, O Vingador do Futuro entrega o promete. Um filme com boas cenas de ação um roteiro razoável com bons conceitos de ficção científica. Uma pena que a nostalgia e a adoração pelo original, apague o pouco de brilho que este longa tem. Independente dos méritos de ambas as produções, é difícil superar a memória afetiva de uma geração.

P.S.: Alguém pode me explicar a relação do título com a trama? Seja qual for a versão, eu não alcancei.

O Vingador do Futuro (Total Recall)
EUA - 2012 - 118 min.
Ficção científica

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