Rota de Fuga

Tem novidade no blog! A colega blogueira Geisy Almeida, que escreve comigo no DVD, Sofá e Pipoca, faz uma aparição extraordinária para comentar o filme Rota de Fuga. Graças à parceria dos dois blogs com o Adoro Cinema, fomos convidadas para a pré-estréia do filme. O resultado foi esta resenha em conjunto. Então... 

Um thriller de ação inteligente

por Geisy Almeida

Juro que não esperava algo tão bacana vindo de um filme com Silvester Stallone e Arnold Schwarzenegger no elenco. Explico porque: ícones máximos do cinema de ação dos anos 1980 e 1990, os dois nomes são (para mim) sinônimo de tiros, porrada, explosão e hasta la vista, baby. Pois é, mas nem por isso eu deixo de gostar de filmes do gênero nem de gostar de alguns filmes deles. E Rota de fuga (Escape plan, 2013), definitivamente, é o tipo de filme de ação que eu gosto. Além dos tiros, porrada e explosões - e altas doses de testosterona na veia - tem um interessante jogo psicológico. O filme prende a atenção do início ao fim, e ainda tem ótimas cenas, excelente atuação de Jim Caviezel (e uma surpreendente atuação do Terminator), além de momentos divertidos que vão conquistar até quem não curte muito o gênero. Vamos aos detalhes.

Ray Breslin (Stallone) está numa prisão de segurança máxima e niguém sabe porque. Quando acontece uma briga, Ray vai para a solitária, o pior lugar para se pensar em uma fuga - mas é exatamente isso o que acontece. Como num passe de mágica, vemos Ray conseguir fugir da prisão (não vou contar detalhes da cena, é divertido acompanhar a sequência) e se deixar ser preso de novo. Ao voltar para a prisão, entendemos porque: esse é o trabalho de Ray, ele é preso sob vários codinomes em penitenciárias de segurança máxima para provar que elas não são tão seguras assim. Ray escreveu um livro e tem uma empresa especializada em testar essas cadeias, é assim que ele ganha seu pão de cada dia.

Tudo vai bem até o dia em que a CIA aparece e o convida a participar de um projeto supersecreto. Ninguém da equipe de Ray saberia onde ele estaria, sob hipótese alguma. E ele aceitou mesmo assim. Ray recebeu um codinome e um código de evacuação, mas ao ser levado para o local tudo mudou: o código não era válido, o diretor não era o mesmo, era impossível de tentar localizar a prisão... Ray agora era um rato preso numa ratoeira. De vidro.

O projeto da prisão, que continha os mais perigosos homens do mundo (presos ali porque foram caçados por cidadãos civis, que pagavam muito bem para manter atrás das grades os seus desafetos), era perfeito: baseado no livro de Ray, havia cubos de vidro monitorados 24h e os guardas não eram identificáveis - usavam máscaras e estavam cobertos dos pés à cabeça por uma espécie de armadura preta. Qualquer ato de rebeldia era duramente punido e servindo de exemplo pros outros. Ray precisava de ajuda, e tentou fazer amizade com o médico do local, o dr. Kaikev (Sam Neil), para obter informações - mas ele não quis se comprometer. Quem o ajudou foi um estranho brutamontes também detento, Emil Rottmayer. Obviamente, seria uma ajuda em troca de favores. Mas como não tinha muitas opções, Ray, sob o codinome de Portos (muito parecido com o do terceiro Mosqueteiro, Porthos), aceita a ajuda prometendo ajudá-lo a fugir dali se ele fosse bem sucedido.

Quem fica de olho nessa amizade é o diretor da unidade, o frio e calculista Hobbes (Jim Caviezel, excelente). Hobbes não estava nos planos de Ray quando entrou na prisão, e ele faria de tudo para não deixá-lo sair - ainda mais depois que descobre quem Portos realmente é. A trama segue nessa linha, com suspense consistente sobre a fuga. Algumas alianças innusitadas também acontecem, e vários conhecimentos à la McGuyver também tem espaço na tela - mas, estranhamente, tudo funciona. Em um filme que poderia pender feiosamente para um saudosismo brucutu dos anos 80 ou se valer apenas dos nomes das duas estrelas máximas, as coisas são muito bem orquestradas pelo diretor Mikael Hafstrom. Ele lida bem com as nuances do roteiro, explorao humor em gotas (muito eficientes para aliviar a tensão e sem exageros), sobe o tom na hora certa do clímax-testosterona e arranca atuações memoráveis de 50 Cent (é, ele tá no elenco - meio apagado, verdade - fugindo do clichê do cara mau/ex-presidiário aparecendo como um nerd), Caviezel (impecável) e Schwarzenegger. Na boa, ver o eterno Governador da Califórnia atuando em alemão, mandando ver nas porradarias e detonando tudo pro finalzinho do filme é demais. Schwarza é a melhor coisa do filme.

E você pensando que eles estão muito velhos para esse tipo de filme... Bem, não tiro sua razão. Full HD revela todo o botox e as rugas onde ele não surtiu efeito, mas ainda assim, se este filme fosse realizado com outros fortões mais novos não teria a metade da graça que teve. O filme vale a ida ao cinema e o pacotinho de pipoca (se você não é fã do gênero, não o ponha em prioridade), mesmo com os exageros no final. Nada muito grave, não compromete o bom desempenho do filme. Uma boa surpresa para quem espera ver mais um Rambo ou um Exterminador.

Rota de Fuga (Escape Plan)
EUA - 2013
Ação

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