Livro vs Filme: Se eu ficar

Você precisa ser um autêntico fã xiita para não gostar da adaptação para as telas de Se eu ficar. De fato, não há muito o que contrapor entre original e adaptação.

Em um inesperado dia de neve, a família da adolescente Mia Hall decide passear de carro. Um acidente durante o passeio, coloca a protagonista em coma. E em um estado de consciência fora do corpo a garota é confrontada pelo dilema partir ou ficar. Enquanto observa no hospital as consequências de seu acidente, Mia faz um balanço de sua vida através, de memórias (ou flashbacks no caso do filme). Junto com a reação das enfermeira, amigos e familiares no hospital, estas lembranças, que também tem a função de apresenta-la adequadamente ao leitor/expectador, criam a lista de prós e contras, para decidir sobreviver.
O poster nacional do longa, é o mesmo que o "estadunidense" e a atual edição do livro
traz a capa do filme. Por isso as optei pelas  versões estrangeiras para ilustrar o post.

Sinopse feita (tudo isso aí está no trailer, não é spoiler), vamos à comparação. Aí sim pode haver spoilers!

Mantendo as duas linhas narrativas alternadas presentes no livro, Mia no hospital, e sua vida antes do acidente. O longa segue o romance quase como um roteiro. Inclua aí, falas retiradas inteiramente do livro. Infelizmente o que funciona no papel, nem sempre soa bem aos ouvidos. Não é atoa que as melhores cenas da protagonista são aquelas em que Chloë Grace Moretz não tem falas, mas sua expressão corporal denuncia o que Mia realmente está pensando. As falas idênticas não chegam a ser um problema, mas deixam a sensação de que podiam ser melhor trabalhadas.

Pouquíssimas cenas e personagens são cortadas. Afinal ambas as versões se passam em um curto espaço de tempo, cerca de 48 horas. E por ser uma personagem tímida, ainda adolescente, as relações de Mia, e consequentemente os flashbacks são centrados na família e nos poucos amigos.

1. A Morte dos Pais
É claro, existe ao menos uma alteração significativa. A morte dos pais de Mia. Enquanto no livro a adolescente tem consciência de ter perdido os pais, ainda na estrada, durante o resgate. A Mia do filme, demora para descobrir a condição de seus progenitores. E até para o expectador, há momentos de esperança pela sobrevivência do casal.

A mudança no entanto, é bem vinda. Também é fácil entender porque optaram por ela. Primeiro a indefinição da condição dos outros envolvidos no acidente, aumenta a tensão e desespero da protagonista. Nós como ela, torcemos por eles. Outro bom motivo é tornar a sequencia do acidente mais elegante (leia-se diminuiria a censura). Uma vez que que seria chocante retratar a visão original de Mia, seu pai estirado no chão e seu cérebro do pai espalhado pela rodovia.

2. Faculdade e Música
Não existem no livro também, a resposta da faculdade, revelada pelo namorado Adam, para a garota ainda em coma. Bem como a música que o adolescente roqueiro compõe para ela. Cenas adicionadas, acredito, para reforçar os "prós" em ficar. Diante da devastadora perspectiva de ter perdido toda a família.
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Fora isso, livro e filme são iguaizinhos. É claro, há uma enxugada aqui e ali, em personagens ou flashbacks na versão para as telas. A banda de Adam por exemplo, não está presente no hospital como no livro. E não precisamos assistir ao flashback do nascimento de Teddy, para saber que Mia ama o irmão caçula. Alterações esperadas, em uma adaptação, que não interferem o desenvolvimento da narrativa.

Impressionante é que ambas as versões são boas. Podem não mudar vidas, mas vão apresentar à uma geração criada a base de Crepúsculo e Disney Channel, dilemas diferentes dos que estão acostumados. E com sorte, fazê-los pensar um pouco.

Isso tudo sem excluir o público de outras idades da discussão.  Afinal, viver ou morrer, não são dilemas restritos a uma geração ou faixa etária.


Se eu ficar, escrito por Gayle Forman e lançado em 2009, já tem continuação. Para onde ela foi, acontece alguns anos após os eventos do primeiro livro e é narrado pelo ponto de vista de Adam. A versão para o cinema, lançada em 2014 tem direção de R.J. Cutler. E a eterna Hit-Girl, Chloë Grace Moretz, sugerida pela própria autora, como protagonista. 

Leia também: 
Se eu ficar  - crítica do livro
Se eu ficar  - crítica do filme
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2 Comentários

  1. Eu vi o filme mas não cheguei a ler o livro. Gostei de ter lido sua opinião porque não sabia se tinha mudado muito. Achei o filme lindo!
    Acídia 28

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  2. Não mudou muito, mas o livro ainda vale mais a pena. Afinal tem mais calma e tempo para nos apegarmos aos personagens. Se tiver a oportunidade não deixe de ler.

    Obrigada pela visita!

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