Steve Jobs

O Ministério da Cinefilia adverte: não confunda este Steve Jobs com Jobs, de 2013 com Ashton Kutcher no papel título. O longa protagonizado por Michael Fassbender também conta a história do cofundador da Apple, contudo com um formato completamente diferente. Menos didático, mais ousado.

Baseado na biografia homónima escrita por Walter Isaacson, que tem mais de 600 páginas o roteiro de Aaron Sorkin (A Rede Social) é inteligente ao pinçar informações, momentos e acontecimentos da vida de Jobs e reagrupá-los em três momentos chave de sua trajetória. Assim temos um recorte da vida e personalidade do protagonista apresentado, durante os bastidores de seus lançamentos mais marcantes. Do Macintosh (1984) do NeXTcube (1990) e do primeiro iMac (1998).

Na cochia, presenciamos conversas e empasses não apenas dos lançamentos em questão, seus possíveis problemas e triunfos. Mas também entre os envolvidos na vida profissional e pessoal de Jobs. Entre eles teve “Woz” Wozniak (Seth Rogen) co-fundador da Apple, a fiel diretora de Marketing Joanna Hoffman (Kate Winslett) e o ex-CEO John Sculley (Jeff Daniels).

Os empasses e problemas, gerados pela megalomania e arrogância de jobs em um ramo que ainda estava engatinhando (ele previu o sucesso e evolução do computador doméstico, com uma década de antecedência) estão lá. Bem como os altos e baixos de sua carreira. Tudo sustentado por um roteiro dinâmico e montagem inteligente. Além da coragem de assumir que nem tudo aconteceu exatamente daquele jeito, naquele momento ou naquela exata orede ordem. Mesmo assim levando a equação ao mesmo resultado.


Se os três lançamentos distintos criam a linha que narra a carreira de Jobs. A relação conturbada coma filha que rejeitava, Lisa (Perla Haney-Jardine, Ripley Sobo, e Makenzie Moss em diferentes idades). Parece funcionar como fio condutor, não da narrativa, mas da personalidade de Steve ao longo de 15 anos.

Steve cresceu assim como suas máquinas se aprimorou. E se a semelhança física não é um atifício que Fassbender possa usar, o ator não poupa esforços para encarnar as nuances, maneirismos e exageros da personalidade excêntrica do personagem título. Exuberância, que vai de encontro à interpretação contida de Winslett, criando um equilíbrio entre a dupla que conduz a trama. Enquanto ele extrapola, ela mantém as coisas no mundo real.


O único escorregão, é a narrativa pressupor que o expectador conhece ao menos um pouco a história de Steve Jobs. Pode soar meio bobo agora, apenas quatro anos após sua morte. Mas é fato, nem todo mundo vai conhecer a trajetória do empresário em detalhes, a coisa ainda fica mais grave com as novas gerações, que só conhece o criador do IMac, mas não o cara que foi "dispensado" da própria empresa. Mesmo entre os admiradores detalhes podem ficar na dúvida. O que pode levar o filme à não resista ao teste do tempo. Vamos ter que esperar para ver.

Embora (e não acredito que vou escrever isso), talvez funcione melhor com o apoio de sua outra cinebiografia mencionada no início deste post. Ou para aqueles que tiverem a oportunidade e tempo, o livro em que se baseou. O Steve Jobs de Danny Boyle (Quem Quer Ser um Milionário?), é um ótimo filme. Ousado, inteligente dinâmico que não tenta colocar seu protagonista em um pedestal, mas compreender sua forma de pensar única.

Steve Jobs (Steve Jobs)
EUA - 2015 - 122min
Biografia/Drama


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