Inferno

Um assassinato cheio de mistério. Geralmente é neste cenário que começamos a acompanhar as aventuras do simbologista Robert Langdon, quando o professor é requisitado como consultor do caso. Mas em Inferno, não há assassinato, mas sim um suicídio. E Langdom é o caso!

O professor vivido por Tom Hanks acorda desmemoriado, com um ferimento na cabeça, em uma cama de hospital, em outro país! Para complicar ainda mais o caso, pessoas que ele não sabe quem são estão tentando matá-lo. Assim, ele foge pelas ruas de Florença, Itália acompanhando da Dra. Sienna Brooks (Felicity Jones), que o ajuda a escapar do hospital.

Desta vez ele não busca apenas as respostas, mas também, as perguntas. E a única pista é a visão do inferno, criada por Dante Alighieri em A Divina Comédia. A concepção do submundo criada pelo escritor florentino, não só povoa até hoje o imaginário popular, como traz visões macabras para mente de nosso contundido protagonista.

Nesse ponto, Inferno é bastante diferente de seus antecessores, O Código da Vinci e Anjos e Demônios. Já que desta vez, além de não ter certeza de quem e quantos inimigos estão em seu encalço, o renomado professor também não faz muita ideia do que está, ou esteve, procurando. Ainda sim, o formato de caça-ao-tesouro, típico dos romances de Dan Brown, que deram origem à franquia, continua presente.

Assim, agora acompanhamos os personagens, decifrando pistas, enigmas e conexões em prédios históricos, obras de arte e caminhos secretos de Florença. O cenário deslumbrante, e real, é um dos grandes chamarizes da franquia e aqui não decepciona. Além da cidade natal de Dante, Robert ainda visita outros dois ótimos roteiros para viajantes.

A adaptação é a mais divergente dos livros de toda a franquia. Criando e alterando relacionamentos e objetivos de personagens, para agilizar a jornada (o livro tem mais quatrocentas páginas) e tornar-lo, mais comercial. Logo, embora a premissa seja a mesma, o desfecho é bastante diferente (mas isso é assunto para outro post). O que interessa aqui é que as mudanças tornam o grande plano do vilão um tanto quanto incoerente, para observadores mais atentos. Mas, não menos urgente!

Se nos primeiros filmes a ameaça era focada em uma sociedade, cidade ou instituição, aqui ela é global. E diz respeito a um problema real dos nossos tempos. A superpopulação, o crescimento vertiginoso da espécie humana, a escassez de recursos para sustentar tanta gente no planeta, e a sensação de quem ninguém se importa com o possível colapso da humanidade.

O ritmo continua frenético como no anterior, e talvez até disfarce algumas perguntas que ficam soltas pelo caminho como, onde foi parar artefato histórico precioso que encontraram ao longo da jornada? Estranhos cadeados que não impedem a entrada de pessoas adultas através de uma cerca. Ou porque os personagens decidem confiar tão rapidamente em um estranho. Já para os leitores os furos no roteiro ficam bastante evidentes, assim como seus motivos: as mudanças na trama.
Omar Sy (Intocáveis) , Ben Foster (WarCraft), Irrfan Khan (As Aventuras de Pi) e Sidse Babett Knudsen (WestWorld, a série), completam o elenco internacional.

Mais comercial, mais assustador e menos fiel à obra em que foi inspirado que seus antecessores, Inferno pode não agradar como adaptação (provavelmente com os leitores mais apegados apenas). Entretanto funciona como aventura despretensiosa, estilo caça ao tesouro. Acertando ao trazer de volta o que o público mais gosta, Tom Hanks, já confortável na pele do simbologista Robert Langdon, reviravoltas na trama, e muitas referências à lugares reais, obras de arte e atualidades.


Sim, faz o expectador pensar um pouquinho no problema superpopulação, especialmente porque capricha em mostrar multidões sempre que possível, em toda parte. Mas no geral, o objetivo é entreter. Esta tarefa, ele cumpre!

Inferno (Inferno)
EUA - 2016 - 121min
Ação/Suspsense

Leia mais sobre o autor de Inferno Dan Brown, e confira a resenha do livro Inferno e do filme anterior Anjos e Demônios.

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