Totalmente Inocentes

Os americanos tem os faroestes, os italianos o "western spaguetti", nós tivemos a pornochanchada. Hoje em dia são os "filmes de favela", que representam o cinema brasileiro. Isso tudo não é novidade. Surpreendente mesmo, é que tenha demorado tanto para aparecer um filme que fizesse paródia única e exclusivamente com o gênero que inventamos. É isso que Totalmente Inocentes se propõe a fazer.

Do Morro (Fabio Prorchart) trai a soberana do DDC, a Diaba Lora (Kiko Mascarenhas), e se torna o novo dono do morro. Soberano "na àrea" tem certeza que vai finalmente conquistar Gildinha (Mariana Rios). A moça, é estudante de jornalismo e consegue um estágio na revista "Tapas e Tiros", onde trabalha o atrapalhado Wanderlei, que só pensa em cumprir a tarefa dada por sua chefe, entrevistar o novo chefe do DDC, a tempo de sair para suas férias. Da Fé (Lucas D'Jesus), um garoto do morro também é apaixonado por Gildinha, e também vai fazer o que for preciso para conquista-la. Sempre acompanhado de seu melhor amigo Bracinho (Gleison Silva) e do irmão caçula, Torrado (Cauê Campos).

Achou que o enredo tem muita, gente e muita coisa acontecendo? Pois é isso mesmo, várias linhas narrativas, que se encontram e se afastam até culminarem em um final em comum. À exemplo de vários longas desta década.

E por falar em referências, o filme tem boas. A grande maioria de "Cidade de Deus" e "Tropa de Elite", chato é o fato de tentar explicar para o público de onde vieram, espalhando os cartazes das produções pelos cenários da trama. Não sei se funciona para quem não viu nenhum dos longas, para quem viu é desnecessário. Mas ainda sim, funciona.

Abusando do fato de ser uma paródia, o longa exagera e muito nas caricaturas, deixando alguns dos personagens forçados demais para ter graça. Principalmente a editora de jornal lésbica (e no armário) de Ingrid Guimarães. E a Diaba Lora, cuja maior ameaça é seu gosto horrível para roupas e maquiagem. Salva-se o pequeno Cauê, que interpreta o esperto (aliais, o mais inteligente entre todos os personagens) Torrada. Curioso também é descobrir Leandro Firmino (o Zé Pequeno P#/&) fazendo uma ponta, mas desta vez do lado quase certo da lei.

Embora cheia de idas e vindas, a trama é previsível, afinal é uma comédia. Daquelas onde mesmo com os mocinhos sob a mira do revolver, não nos desesperamos. Apesar de ficarmos apreensivos, sabemos que não vai acabar mal.

Bem intencionado, e com bons momentos, Totalmente Inocentes não é brilhante, nem um ótimo filme. Mas não é ruim. Especialmente se comparado à safra de comédias nacionais dos últimos anos. Ao menos a produção admite que não é para ser levada a sério. E reconhece o que é bom o suficiente para ser referenciado.

Totalmente Inocentes
Brasil - 2012 - 90 min.
Comédia

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