Orange Is the New Black - 4ª temporada

O final da terceira temporada de Pipper em Litchfield, prometia grandes mudanças. Enquanto as detentas aproveitavam alguns momentos de liberdade no lago fora da prisão. A instituição enfrentava um colapso administrativo e a iminência de uma super-lotação. Isso sem mencionar as relações interpessoais e as situações individuais ainda em curso. Tudo organizado para um quarto ano excelente, mas aí, faltou equilíbrio.

Assim que o caos é "administrado" e a nova ordem estabelecida (novos guardas, o dobro de detentas), a série começa a trabalhar suas personagens individualmente como de costume. Mas perde muito tempo, com isso e entrega uma primeira metade de temporada morna. 

Assim passamos muito tempo assistindo à queda de Piper (Taylor Schilling), que acreditava ser a nova "chefona" do local, por seu negócio de calcinhas. E a disputa com a rival dominicana (sim, as latinas tem subgrupos agora) Maria (Jessica Pimentel). Trabalhando exaustivamente um conflito de etnias que já conhecemos bem.

Também desenvolvida lentamente, o resultado das ameaças de Kubra à Vause (Laura Prepon), envolvendo outras detentas. Velhas conhecidas e novatas que vão ganhar espaço para ter sua história contada, como a perturbada Lolly (Lori Petty). Os novos guardas veteranos de guerra, e o novo formato de administração da prisão, que incluem trabalho forçado e castigos exagerados também são desenvolvidos aos poucos.

Felizmente, após três anos, nós já nos importamos o suficiente para prosseguir pelos episódios mais lentos. Pois o ritmo pode ser lento, mas o caminho é certeiro. A temporada trabalha todos os problemas em um crescente, de forma que os eventos vão se unir e culminar no season finale mais urgente e perigoso até então. A série toma decisões corajosas, e opta por decisões extremas e definitivas, que vai arrancar lágrimas de muita gente. E apesar de triste ainda é belo por sua execução.


Os tradicionais flashbacks, da vida antes da prisão das detentas e dos guardas também apoiam esta construção que ganham um ritmo mais interessante a partir do meio da temporada. Ausência sentida na temporada anterior, Nicky (Natasha Lyone) retorna para ajustar sua trajetória, ainda relacionada à seu vício. Enquanto Caputo (Nick Sandow) continua sendo dominado por mulheres.

Merece nota, a entrada de Judy King (Blair Brown) uma estrela da culinária televisiva. A celebridade adiciona um jogo de interesse entre a mídia e a administração da prisão. Isto inclui privilégios, e a peculiar relação das detentas comuns com a famosa.

Entretanto, a grande falha fica mesmo em relação à trama de Sophia Burset (Laverne Cox). Antes uma das mulheres mais bem resolvidas e fortes da cadeia, na terceira temporada a transgênera começa a sofrer preconceito e após sofrer agressão é isolada "para sua própria segurança". A inversão de valores poderia ser um tema melhor explorado, ao invés disso, temos pequenos vislumbres da vida de Sophia na solitária. A personagem faz falta e merecia um desenvolvimento melhor. É possível que a agenda de Laverne Cox tenha influenciado sua participação, mas ainda sim esta podia ser melhor aproveitada.


Traumas psicológicos (pré e pós-prisão), dos veteranos e das detentas, trabalhos forçados, qualidade de vida duvidosa, disputas étnicas, abuso, preconceito, privilégios e rebelião estão entre os temas abordados nesta temporada. Que inicialmente perde um pouco de ritmo ao focar na sua menos interessante protagonista Pipper, mas mantém sua atenção com o tradicional "rodízio" de personagens. Pinçando detentas do pano de fundo para conhecermos melhor, e avançar a trama central. Esta sim melhor desenvolvida, elaborada e com final urgente.
O Captain! My Captain! - referência à Sociedade dos Poetas Mortos 
A quarta temporada de Orange Is the New Black, podia ter começado com um ritmo melhor, mas tinha um caminho definido à seguir e chegou ao fim com todo o fôlego. Consequentemente fazendo com que o expectador prenda a respiração até a próxima temporada com o maior clímax até agora.

Orange Is the New Black é uma das primeiras séries originais da Netflix e já tem quatro temporadas, com treze episódios cada, liberadas no serviço de streaming. A série é baseada no livro de Piper Kerman, Orange Is the New Black: My Year in a Women's Prison. Mais três temporadas da produção já foram confirmadas.

P.S.: SPOILERS - Alguém pode me esclarecer a geografia da prisão? Como Nick ainda no presídio de segurança máxima, é a responsável pela faxina da solitária em prisão de Litchfield, onde Burset está? Os prédios são vizinhos? Compartilham guardas e detentas da faxina, ou foi erro de continuidade? Sério, fiquei confusa! - FIM DO SPOILER!

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