The Gifted

Os super-heróis já são praticamente um sub-gênero, muito lucrativo figa-se, nos cinemas. Logo não é surpresa que na TV as séries protagonizadas pelos personagens dos quadrinhos estejam se multiplicando a cada ano. Mesmo assim, demorou para que os mutantes da Marvel encontrarem um espaço para falar com o grande público. Apesar de excelente Legion é uma série quase experimental, que exige um espectador mais "dedicado" por assim dizer. Já The Gifted tem potencial para reunir a família toda na sala.

Os Strucker são uma tradicional família "estadunidense" que tem sua rotina destruída quando a real condição de seus filhos é exposta ao mundo. Lauren (Natalie Alyn Lind, Gotham) e Andy (Percy Hynes-White) possuem o gene X. São mutantes em uma época de forte repressão, as pessoas com poderes estão sendo caçadas pelo governo e o programa Sentinelas. Os X-Men e a Irmandade desapareceram, a única alternativa da família é se unir a um grupo clandestino de mutantes tentando sobreviver.

Para complicar mais um pouco o pai das crianças Reed (Stephen Moyer) trabalhava perseguindo "mutantes fora da lei". Além de se descobrir do outro lado da luta, o patriarca vai precisar rever muito de seus conceitos. A típica mãe de família Caitlin (Amy Acker) vai descobrir que o "sistema" em que confiava não funciona tão bem assim, na sua jornada para proteger os filhos. 

Mas são as crianças que roubam a cena ainda no piloto, com Andy descobrindo seus poderes acidentalmente colocando toda a escola em risco e forçando a irmã finalmente "sair do armário". As cenas em que Lauren explica para a mãe que é mutante, e os momentos em que os adolescentes experimentam seus poderes são o tipo de interação intimista que os filmes dos X-Men nunca tiveram tempo de explorar em meio a correria para sempre salvar o mundo.

Entre os mutantes da "resistência" estão Blink (Jamie Chung, Once Upon a Time), Polaris (Emma Dumont), Pássaro Trovejante (Blair Redford) e Eclipse (Sean Teale), este último criado especialmente para série. Blink é uma recém chegada ainda lutando com a extensão de seus poderes. Já os demais tem um histórico de luta mais intenso com os Sentinelas, e agora tem que lidar com os filhos do cara que costumava caça-los.

Proteger a família, aprender a lidar com seus poderes, com uma nova realidade, amadurecer, enfrentar intolerância, o desafio destes mutantes não é salvar o mundo, é sobreviver. Nestes primeiros episódios a série mostra que pretende colocar seus personagens para enfrentar estes dilemas. Um problema de cada vez, desenrolando aos poucos a luta maior: escapar do governo. 

Os efeitos especiais não são excepcionais, mas são o possíveis para o orçamento de uma série de TV aberta. E mais importante, funcionam. Não tão bem sucedida, é a caracterização de alguns personagens, que mereciam lentes de contato e perucas melhores. Nada que não possa ser relevado pelo bom elenco. Especialmente as crianças que, junto o o roteiro, realmente soam como adolescentes - você está fugindo do governo, mas está resmungando que o banco do carro está sujo, típico arborescente! Apenas Stephen Moyer (de True Blood), parece um pouco intenso demais, principalmente no piloto. Algo que acredito ser ajustado ao longo dos episódios.

Uma família tentando sobreviver e encontrando outros com problemas semelhantes. Simples e intimist, The Gifted acerta ao deixar de lado a megalomania, tão tentadora quando se tem super-poderes, e investir nos personagens ao levar os mutantes para a TV. Agora é torcer para que a temporada continue no caminho certo.

The Gifted é exibida no Brasil pelo canal Fox, apenas um dia depois da transmissão nos Estados Unidos, a primeira temporada terá 13 episódios.

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