Star Wars - Os Últimos Jedi

Mesmo bem desenvolvido e executado O Despertar da Força não ficou livre das críticas, principalmente por sua fórmula que reutiliza o caminho de Uma Nova Esperança. Logo, é inevitável comparar Os Últimos Jedi com seu "equivalente" na trilogia original, O Império Contra-Ataca. Curiosa, e surpreendentemente, as semelhanças entre os "filmes do meio" são poucas, a principal delas é seu tom mais sombrio e urgente.

O episódio VIII se inicia imediatamente após o final da aventura anterior. Apesar de destruir a gigantesca arma da Primeira Ordem, a resistência continua em desvantagem, e fuga constante. Na luta desesperada pela sobrevivência Finn (John Boyega) e Poe (Oscar Isaac), embarcam cada em missões próprias. Enquanto Rey (Daisy Ridley) tenta persuadir Luke (Mark Hamill) à participar da batalha.

Separar um protagonista dos demais, levando a história a saltar de de um arco para outro, é a outra semelhança evidente com o episódio V. Mas as comparações param por aí, já que o filme dirigido por Rian Johnson decide adotar a quebra de expectativa a partir da primeira sequência. Sim, ele tradicionalmente joga o expectador diretamente em uma batalha, mas em uma na qual a resistência está em grande desvantagem, muito diferente da pequena vitória em que os deixamos. E o que dizer da reação de Luke, à entrega do sabre por Rey? Nada, não vou estragar sua experiência, basta dizer que o rapaz de Tatooine está longe de ser o grande mestre Jedi das lendas que o cercam.

Do outro lado do universo Poe, Finn e Rose (Kelly Marie Tran), cometem os erros típicos da urgência da juventude, batendo de frente com a experiência e a parcimônia de seus sábios líderes, a General Leia (Carrie Fisher) e a Vice Almirante Amilyn Holdo (Laura Dern). Quem também encara seu superior são o General Hux (Domhnall Gleenson) e claro, Kylo Ren (Adam Driver). Enquanto o primeiro falha em manter a postura e eficiência de sua patente, mas se recusa a desistir, gerando boas cenas cômicas. O jovem Solo continua em conflito com os lados da força.

De todas as muitas jornadas que Os Últimos Jedi  se propõe a abordar apenas a de Finn, tem momentos duvidosos. Sem usar a Força, saber pilotar ou grandes habilidades, ou mesmo posto de estratégia ou liderança, o ex-stormtrooper parece meio perdido na batalha. E mesmo ganhando uma excelente companheira (Rose é um dos melhores novos personagens) poderia ter sua jornada encurtada. Ainda sim, a aventura da dupla é eficiente para mostrar um lado novo das guerras estelares: não existe apenas, a luta entre o bem e o mal. Como toda guerra, há quem lucre com ela e consequentemente o interesse em mantê-la.

É também na sequencia de Finn e Rose que estão a maioria das novas criaturas e até um estilo de vida e planeta novos. O universo é infinito e em constante expansão lembra? O realismo deste admirável universo novo é garantido pela boa mistura de efeitos práticos e CG. Maquiagem, fantoches e animatrônicos povoam a tela, a computação gráfica complementa tudo isso.

Tecnicamente perfeito, como era esperado, o filme também é visualmente deslumbrante. Pode ser facilmente considerado o mais belo da saga, com inúmeros momentos plasticamente icônicos. A escolha das cores predominantes (vermlho, preto e branco), especialmente nos momentos de clímax não é gratuita. Além de linda, a paleta aumenta gradualmente a tensão e urgência da guerra.

Desperdício de verdade fica por conta das participações da Capitã Phasma (Gwendoline Christie) e do Líder Supremo Snoke (Andy Serkins). Levemente apresentados em O Despertar da Força não cumprem a promessa de mostrar a quê vieram. O caso de Snoke é ainda mais preocupante, já que sua relação e influência sobre Kylo Ren, ou mesmo sua origem permanecem uma incógnita. Mesmo que estas histórias sejam exploradas no universo expandido, não deixa de ser um desperdício de dois bons atores, e uma falha com aqueles que só acompanham a franquia pela tela grande. O filme tem que funcionar por conta própria.

De volta a quem tem arcos bem aproveitados, é a relação entre Rey, Luke e Kylo Ren que enriquece a Força. Nada é  mais tão simples, bem e mal, luz e trevas, a Força tem tons de cinza, e qualquer um pode pender para um dos lados, mesmo com a melhor das intenções, tudo depende de seu passado, obstáculos e escolhas.

Já Leia, ganha uma atenção especial proposital e acidentalmente, uma vez que sabemos que é o último trabalho da atriz, e fica difícil não se emocionar cada vez que Carrie Fisher aparece em cena. Se houve muitas mudanças após a morte da atriz é difícil notar, seu arco que envolve o amadurecimento de Poe é fluido e até empodera um pouco mais nossa Princesa nos mistérios da Força. E já que estamos falando de despedida este também é o último filme de Erik Bauersfield na franquia. O ator que faz a voz do Almirante Ackbar ("It's a trap!"), também morreu em 2016.

Easter eggs e fan-services também não faltam, alegram os fãs sem alienar os não iniciados. Alguns até geram bons momentos cômicos. E por falar em humor, este não falta e está bem inserido, mesmo nesta trama mais urgente e sombria.

Star Wars - Os Últimos Jedi, é sobre conflito de gerações, aprender com os erros e se fazer especial ou importante por conta própria (repara nas origens dos novos protagonistas, uma órfã catadora de lixo, um piloto, um stormtrooper faxineiro, e não esqueçamos Rose que cuida da tubulação). O longa mostra novos ângulos da Força e motivações para a guerra, além de começar a passagem definitiva do bastão para as novas gerações. 

É o filme mais "diferentão" da saga, mas completamente integrado e coerente a ela (inclua uma ajuda da excelente trilha de John Williams aqui). Amplia o já gigantesco universo, e oferece novos rumos à ele. E claro, também é divertido, empolgante, emocionante e tudo mais que puder te fazer sair satisfeito da sala, após 2h30 que passam mais rápido que um salto no hiperespaço!

Star Wars - Os Últimos Jedi (Star Wars: The Last Jedi)
EUA - 2017 - Star Wars: The Last Jedi
Fantasia/Ficção Cientifica


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