O Destino de uma Nação

As vezes um aspecto de uma obra é tão impressionante, que pouco se fala sobre demais detalhes sobre ela. O Destino de uma Nação é assim, e claro, a particularidade em questão é a interpretação de Gary Oldman da icônica figura de Winston Churchill, combinada com um trabalho de caracterização impecável.

O longa acompanha os primeiros dias de Churchil no cargo de Primeiro Mnistro da Grã-Bretanha, substituindo Neville Chamberlain (Ronald Pickup) retirado do poder pela insatisfação com sua política apaziguadora. Em plena 2ª Guerra Mundial, o novo ministro precisa com seus rivais políticos, que o pressionam para negociar um tratado de paz com Hitler. Além da complicada situação em Dunkirk (sim a mesma do filme do Nolan).

Também vale dizer, que o protagonista tem que lidar com sigo mesmo, já que as preocupações e ansiedades do cargo apenas agravam ainda mais suas idiossincrasias. Metódico, exigente, rude, alcoólatra, entre outras características que o tornam uma pessoa difícil de lidar, em uma função que negociar com indivíduos com perspectivas diferentes é crucial. Apesar de icônico, o Winston Churchill desta biografia é extremamente humano. Mérito de Oldman, que consegue expressar, através de pesada maquiagem, as variadas nuances, de um homem complicado, tentando administrar uma situação impossível. Enquanto sua postura, maneirismo e até a voz e dicção, emulam a personalidade icônica que conhecemos em livros de história e documentários, pequenos gestos e olhares revelam tanto suas inseguranças, quanto a força.

E por falar no trabalho de maquiagem, aqui a recriação da figura de seu biografado é excepcional. O que combinado com habilidade de Oldman de desaparecer por baixo de seus personagens, criam a versão mais impressionante de uma figura já retratada nas delas dezenas de vezes.

Uma pena que enquanto, abre espaço para o protagonista brilhar, o roteiro negligência demais personagens e até algumas situações impossíveis.  Sejam elas peças cruciais nas ações de Churchil, como sua esposa (Kristin Scott Thomas), ou mesmo um guia para o expectador como a nova assistente (Lily James), os personagens vão e vem conforme o roteiro acha conveniente. Tendo assim pouco ou nenhum desenvolvimento. O mesmo acontece com algumas situações apresentadas, como os problemas financeiros do primeiro ministro, apresentados e descartados na cena seguinte.

Nenhum problema no entanto, tão evidente quando a solução apresentada em seu clímax. O longa recorre a uma cena fictícia, que supostamente aproxima a decisão do político da escolha do povo. Recurso que não convence, além de inverosímel (leia-se forçado), a solução ainda deixa a dúvida se aquele é mesmo o desejo dos cidadãos, ou se as pessoas estão simplesmente atônitas com a presença da figura ilustre e por isso concordam com tudo e dão respostas que sabem que o ministro quer ouvir.

Se na cena em questão o protagonista pode ser "paparicado", nas demais ele está constantemente encurralado pelo bom trabalho da fotografia, que sabe aproveitar os ambientes claustrofóbicos bem construídos pela direção de arte. Quando amplos, os ambientes vezes mergulhados em uma escuridão opressiva, os com um foco de luz turva sobre o centro das atenções. Ressaltando que esta posição nem sempre é a das melhores. Iluminação avermelhada, por vezes obtida pelos charutos do personagem também aumentam o tom de urgência da narrativa.

O Destino de uma Nação é uma produção que poderia se diferenciar por ser uma biografia que abrange um período curto de tempo na vida de seu biografado, cerca de um mês. Mas, é executado conforme a cartilha, burocrático e habitado políticos que falam demais. Discursos que só atraem a atenção, quando proferidos por Oldman. Transformando a produção apenas em uma vitrine para o ator receber prêmios, ainda que merecidos.

O Destino de uma Nação (Darkest Hour)
EUA - 2017 - 126min
Biografia, Drama

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