O Touro Ferdinando

Desde pequeno Ferdinando é diferente de todos à sua volta, é discriminado por isso, e vai ter que provar que diferenças tem seu valor. A premissa da nova animação do diretor Carlos Saldanha até poderia passar como batida e repetitiva, não fosse seu protagonista um enorme touro e sua história inspirada em um clássico infantil espanhol. O Touro Ferdinando traz lições de moral para crianças e discussões atuais para os adultos em sua aventura bem humorada.

Ferdinando (voz de John Cena no original e Duda Ribeiro na versão brasileira) é um touro de temperamento doce, que aprecia flores e a sombra de uma árvore ao invés de dar cabeçadas como os outros touros. Quando adulto, ele se torna o maior e mais forte touro, mas continua com seus interesses pacíficos. Quando é selecionado para enfrentar o maior toureiro de Madrid, ele precisa convencer seus colegas de que as touradas não são uma boa ideia para os touros.

Em sua jornada Ferdinando encontra todo tipo de personagens diferentes que tentam, ou acreditam, estar no mesmo padrão. Os touros Valente (Bobby Cannavale/Leonardo Rabelo), Guapo (Peyton Manning), Magrão (Anthony Anderson) e Angus (David Tennant), competem obsessivamente para serem o touro escolhido. A louca cabra Lupe (Kate McKinnon/Thalita Carauta) só quer ter amigos. Ouriços, cavalos e o cachorro Paco (Jerrod Carmichael) completam o elenco animal. Já os humanos estão lá para prover acontecimentos que movem a trama dos animais. Entre eles a menina Nina (Lily Day/Maisa Silva), seu pai Juan (Juanes) e o toureiro El Primeiro (Miguel Ángel Silvestre).

Uma história simples não apenas de aprender a conviver com as diferenças, mas também de descobrir as vantagens da diversidade. O roteiro acerta em apostar na simplicidade da história para trabalhar bem seus personagens, carismáticos e bem construídos cada um tem espaço suficiente em tela para contribuir com a trama e conquistar a audiência.

O roteiro bem delineado, também encontra espaço para fazer críticas à crueldade com os animais em espetáculos como as touradas e a criação de animais para o abate. Discussões mais claramente percebidas por adultos, mas que já plantam uma sementinha na mente dos pequenos - mas porque o touro precisa morrer? - a molecada vai se perguntar.

Caso ainda faltem atrativos, o longa é baseado no clássico literário espanhol Ferdinando, o touro de Munro Leaf. O elenco de estrelas bem escolhidas (que ainda conta com Gina "Jane, the virgin" Rodriguez e Otaviano Costa) entrega boas atuações, tanto na versão original quanto na dublada. E a qualidade da animação tem o selo de qualidade do estúdio que nos entregou as franquias Rio e A Era do Gelo. Apenas o 3D se prova desnecessário, não acrescentando muito nem a história, nem a qualidade da projeção.

O Touro Ferdinando é simples, mas é bem construído, traz personagens carismáticos, boas piadas, mensagens e até sugere discussões pertinentes à sociedade atual. Acerta em apostar na sensibilidade acima de personagens exagerados e sequencias mirabolantes. Provando que boas histórias, bem contadas nunca perdem seu valor e impacto, sobrevivendo aos tempos.

O Touro Ferdinando (Ferdinand)
2017 - EUA - 108min
Animação, aventura

1 Comentários

  1. Muito, muito recomendado para os mais pequenos! ❤️ Eu esperava ver uma animação bem feita e uma estória até triste e melancólica, mas do início ao fim o tom é positivo. Pais e filhos vão adorar os personagens e aprender preciosas lições de otimismo consciente, de bondade e amizade, enquanto se divertem a valer. Uma ótima pedida para as férias, vale o ingresso e a pipoca da família inteira. Honestamente, é um dos melhores filmes de animação que vi no ano passado. Envolvente desde os primeiros minutos, a sensível estória leva a gente a pensar sobre como encaramos nossa vida. É muito fácil se identificar com os personagens e seus dramas, e o mais surpreendente é que há tanto bom humor que o peso do contexto (um touro que tem como destino uma tourada não é nada mais do que uma alegoria da humanidade rumando para o final inevitável da morte) permanece como uma leve ameaça constante porém sem dominar os sentimentos do espectador.

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